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XXI's classics

Resolvi que de terça-feira vou falar de discos que já considero clássicos mesmo tendo sido lançados recentemente. Pra começar, uma das bandas mais estranhas que faz belas e poderosas músicas, British Sea Power.



Mas, antes, devo dizer como conheci a banda. Não foi pela internet e nem por um disco, foi por um show e por puro acaso. Fui conferir o Interpol na turnê do primeiro disco, e lá estavam aqueles malucos abrindo o show. A bateria ficava ao lado do vocalista (não sei se era falta de espaço ou opção), um vocalista que no final do show atacou a guitarra pro teto, que não era baixo, baixista aparentemente normal e um tecladista, que pegava uma espécie de tambor e saia marchando com um chapéu de metal pelo palco. Fiquei completamente abismado. Estarrecido. Coineçava ali minha paixáo por British Sea Power.

The Decline of British Sea Power saiu em 2003 pela Rough Trade e mostra uma banda que pegou o post-punk de Joy Division e Echo & The Bunnymen, misturou com uma boa dose de Galaxie 500, britpop e muito riff, e transformou tudo isso em um som esquisofrenicamente bonito. Todos já falaram que são essas as influências da banda e eu concordo.

O disco começa com um coral bizarro de 40 seg e já parte pra dois post-punk, mas mais pra punk, com riffs de guitarras à lá Pixies, cantando sobre a beleza de Fyodor Dostoyevsky e sobre algum novo Caesar que está tomando conta do mundo. Se quatro soldados russos e mais nervosos que o normal formassem uma banda lá por 1920, o resultado seria mais ou menos como esse começo de disco.

Depois disso o disco fica mais calmo, mas continua estranho. "Something Wicked" é cantada com uma voz rouca e sussurrada, "Remember Me" é guitar rock de primeira e "Fear of Drowning" é toda teatral, começa com um barulho de mar e durante a bela melodia você ouve no fundo o que parece um homem retomando seu fôlego depois de ficar 10 min submerso, desesperador.

"The Lonely", "Carrion" e "Black Out" são mais normais, meio Echo & The Bunnymen em Ocean Rain, e bem britpop. Mas sempre com riffzinhos de guitarras e teclados que parecem fora de hora, fora de contexto.

Ainda cabe 14 min de música em "Lately" com um final apoteótico e barulhento, "A Wooden Horse" que é mais levada no piano, onde bateria e guitarras entram aqui e ali, "Childhood Memories", um belo final pop antes do final esquisito, claro, de "Heavenly Waters", música instrumental que segura um final calmo com notas compridas e refrão mais pesado, com guitarras distorcidas.

O resultado final é um pop tão fora do comum que não cheguei a nenhuma conclusão. Parecem lordes ingleses do séc XVIII cantando sobre mares e oceanos, deuses, amores e rock 'n roll. Perfeito. Me empolguei.

British Sea Power - Childhood Memories (Xfm Studio Sessions)
British Sea Power - Remember Me (Video - Live at Jools Holland)
British Sea Power - Carrion (Video)

British Sea Power - Open Season: R$ 4,90